terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Grandes Pensadores da Geografia



Heródoto
Eratótenes
Estrabão
Claúdio Pitolomeu
Immanuel Kant
Alexander Von Hulboldt
Karl Ritter
Friedrich Rartzel
Paul Vidal de la Blache
Yves Lacoste
Milton Santos

Milton Santos (1926-2001 d.C.)

Milton Almeida dos Santos (Brotas de Macaúbas, 3 de maio de 1926São Paulo, 24 de junho de 2001) foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em Direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970.

Biografia

Milton Santos nasceu no município baiano de Brotas de Macaúbas em 3 de maio de 1926. Ainda criança, migrou com sua família para outras cidades baianas, como Ubaitaba, Alcobaça e, posteriormente, Salvador. Em Alcobaça, com os pais e os avós maternos (todos professores primários), foi alfabetizado e aprendeu álgebra e a falar francês.
Aos 13 anos, Milton dava aulas de matemática no ginásio em que estudava, o Instituto Baiano de Ensino. Aos 15, passou a lecionar Geografia e, aos 18, prestou vestibular para Direito em Salvador. Enquanto estudante secundário e universitário marcou presença na militância política de esquerda. Formado em Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério desenvolveu atividade jornalística, estreitando sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o livro Zona do Cacau, posteriormente incluído na Coleção Brasiliana, já com influência da Escola Regional francesa.
Em 1958, concluiu seu doutorado na Universidade de Strasburgo, na fronteira da França com a Alemanha. Ao regressar ao Brasil, criou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, mantendo intercâmbio com os mestres franceses. Após seu doutorado, teve presença marcante na vida acadêmica, em atividades jornalísticas e políticas de Salvador. Em 1961, o presidente Jânio Quadros o nomeia para a subchefia do Gabinete Civil, tendo viajado a Cuba com a comitiva presidencial - o que lhe valeu registro nos órgãos de segurança nacional após o golpe de 1964.[1]

Exílio

Em função de suas atividades políticas junto à esquerda, Milton foi perseguido pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Seus aliados e importantes políticos intervieram junto às autoridades militares para negociar sua saída do país, após ter cumprido meio ano de prisão domiciliar. Milton achou que ficaria fora do país por 6 meses, mas acabou ficando 13 anos. Milton começa seu exílio em Toulouse, passando por Bordeaux, até finalmente chegar em Paris em 1968, onde lecionou na Sorbonne, tendo sido diretor de pesquisas de planejamento urbano no prestigiado Iedes.
Permaneceu em Paris até 1971, quando se mudou para o Canadá. Trabalhou na Universidade de Toronto. Foi para os Estados Unidos, com um convite para ser pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde trabalha com Noam Chomsky. No MIT trabalha em sua grande obra O Espaço Dividido. Dos EUA viaja para a Venezuela, onde atua como diretor de pesquisa sobre planejamento da urbanização do país para um programa da ONU. Neste país manteve contato com técnicos da Organização dos Estados Americanos. Estes contatos facilitaram sua contratação pela Faculdade de Engenharia de Lima, onde foi contratado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para elaborar um trabalho sobre pobreza urbana na América Latina.
Posteriormente, foi convidado para lecionar no University College de Londres, mas o convite ficou apenas na tentativa, já que lhe impuseram dificuldades raciais. Regressa a Paris, mas é chamado de volta à Venezuela, onde leciona na Faculdade de Economia da Universidade Central. Segue, posteriormente para Tanzânia, onde organiza a pós-graduação em Geografia da Universidade de Dar es Salaam. Permaneceu por dois anos no país, quando recebeu o primeiro convite de uma universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso, regressa à Venezuela, passando antes pela Universidade de Colúmbia de Nova Iorque.

Retorno ao Brasil

No final de 1976, houve contatos para a contratação de Milton pela universidade brasileira, mas não havia segurança na área política e o contato fracassou. Em 1977, Milton tenta inscrever-se na Universidade da Bahia, mas, por artimanhas político-administrativas, sua inscrição foi cancelada. Ao regressar da Universidade de Colúmbia iria para a Nigéria, mas recusou o convite para aceitar um posto como Consultor de Planejamento do estado de São Paulo e na Emplasa. Esse peregrinar lhe custou muito, mas sua volta representou um enorme esforço de muitos geógrafos, destacando-se Armen Mamigonian, Maria do Carmo Galvão, Bertha Becker e Maria Adélia de Souza. Quanto ao seu regresso, Milton tinha um grande papel nas mudanças estruturais do ensino e da pesquisa em Geografia no Brasil.
Após seu regresso ao Brasil, lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até 1983. Em 1984 foi contratado como professor titular pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu mesmo após sua aposentadoria.[2]. Também lecionou geografia na Universidade Católica de Salvador.
Milton Santos veio a falecer em São Paulo no dia 24 de junho de 2001, aos 75 anos, vítima de um câncer de próstata.[carece de fontes]

A trajetória e o reconhecimento

Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Santos alcançou reconhecimento fora do país, tendo recebido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud (conferido por universidades de 50 países).
  • Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerado um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos[3].
  • Suas ideias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros. Por uma Outra Globalização, livro escrito por Milton Santos dois anos antes de morrer, é referência hoje em cursos de graduação e pós-graduação em universidades brasileiras. Traz uma abordagem crítica sobre o processo perverso de globalização atual na lógica do capital, apresentado como um pensamento único. Na visão dele, esse processo, da forma como está configurado, transforma o consumo em ideologia de vida, fazendo de cidadãos meros consumidores, massifica e padroniza a cultura e concentra a riqueza nas mãos de poucos.

Espaço: abordagem inovadora

A obra de Milton Santos é inovadora e grandiosa ao abordar o conceito de espaço. De território onde todos se encontram, o espaço, com as novas tecnologias, adquiriu novas características para se tornar um "conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações"[4].
As velhas noções de centro e periferia já não se aplicam, pois o centro poderá estar situado a milhares de quilômetros de distância e a periferia poderá abranger o planeta inteiro. Daí a correlação entre espaço e globalização, que sempre foi perseguida pelos detentores do poder político e econômico, mas só se tornou possível com o progresso tecnológico. Para contrapor-se à realidade de um mundo movido por forças poderosas e cegas, impõe-se, para Santos, a força do lugar, que, por sua dimensão humana, anularia os efeitos perversos da globalização.[5].
Estas ideias são expostas principalmente em sua obra A Natureza do Espaço (Edusp, 2002).
No conceito de espaço, Milton Santos revela a noção de paisagem, onde sua forma está em objetos naturais correlacionados com objetos fabricados pelo homem. Santos aponta que espaço e paisagem não são conceitos dicotômicos, onde os processos de mudança social, econômico e político da sociedade resultam na transformação do espaço, que concatenado a paisagem se adaptam para as novas necessidades do homem naquele dado período. Milton Santos revela o conceito de paisagem como algo não estanque no espaço, e sim que a cada período histórico altera, renova e adapta para atender os novos paradigmas do modo de produção social.
São ideias apontadas na obra "Pensando o espaço do homem" São Paulo: Hucitec, 1982. 

Yves Lacoste (1929)

Yves Lacoste (Fez, 1929) é um geógrafo e geopolítico francês. Lançou no início de 1970 a revista Hérodote, que nos últimos trinta anos procurou revelar a face oculta da Geografia, isto é, seu caráter político. Contribui com obras críticas e inovadoras, como La géographie, ça sert, d'abord, à faire la guerre ("A Geografia serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra") para uma discussão do conceito da geografia política e geopolítica, especialmente na França.

Biografia

Yves Lacoste nasceu em Fes em 1929. Entre 1947 e 1951 completou o curso de Estudos Superiores de Geografia na Sorbonne.
Em 1948 aderiu ao Partido Comunista Francês e se ligou, então, a numerosas personalidades de movimentos nacionais argelinos. A partir de 1952 passou a lecionar História e Geografia no liceu Bugeau, em Argel. Em 1955 retorna a Paris.
Seu manuscrito Os países sub-desenvolvidos, após muitos anos de recusas, foi editado pela PUF dentro da coleção "Que Sais-je" e logo se tornou um dos best-sellers da editora. Essa obra foi traduzida (traduções oficiais e não-oficiais) para mais de trinta línguas. Publicou, em 1965, pela mesma editora, A geografia do sub-desenvolvimento. Em 1968, foi renomeado professor-assistente da nova Universidade de Vincennes (Paris VIII).
Lançou no início de 1970 a revista Hérodote, que nos trinta anos seguintes procurou revelar a face oculta da Geografia, isto é, seu caráter político. Em 1970, o debate da existência da revista Heródote contaminou sociólogos, historiadores e geógrafos e surgiu pela primeira vez a questão: "A quem serve a geografia?". Em junho de 1972, em plena Guerra do Vietnã, Yves Lacoste publicou no Le Monde um importante artigo sobre a geomorfologia das planícies aluviais de Hanói e, após um visita ao Vietnã do Norte em agosto de 1972, ele trouxe à luz a estratégica americana de bombardeio dos diques vietnamitas. O artigo que ele publicou no Le Monde a 15 de agosto de 1972 teve grande repercussão na opinião pública americana. O bombardeio dos diques cessará pouco depois.
Em março de 1976, Lacoste escreveu o livro A geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra, título que, numa edição posterior, foi mudado pelo autor para A geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. A mudança foi feita para evitar que os leitores pensassem que, na visão do autor, a geografia serve somente para a elaboração de estratégias militares, quando seu objetivo era apenas dizer que essa é a função mais antiga da geografia científica. De todo modo, essa foi uma das obras pioneiras da geografia crítica ou radical, tendo exercido grande influência na academia e no ensino. A partir dos anos 1980, Yves Lacoste e os membros da revista Heródote se dedicaram aos problemas de geopolítica interna e externa, em escala regional, nacional, continental e internacional.
Embora tenha sido militante comunista, a geografia de Lacoste manteve relações ambíguas com a teoria e o método marxistas. De um lado, esse autor advertia quanto aos riscos que a incorporação do marxismo à geografia poderia trazer, na medida em que, não havendo uma preocupação de Marx em teorizar os fenômenos relacionados ao espaço, disso poderia resultar a incapacidade da geografia explicar tais fenômenos de forma autônoma, já que toda explicação derivaria necessariamente da teoria econômica marxista ou do estudo histórico[2]. De outro lado, é bastante nítida a influência de ideias e categorias marxistas sobre sua obra, como o conceito de ideologia como “falsa consciência”, seus comentários sobre a crise do capitalismo e a proposta explícita de associar o resgate dos estudos geopolíticos a uma “pedagogia militante”. Assim, pode-se concluir que Lacoste se inspirava fortemente no marxismo em sua visão crítica da sociedade capitalista e nas suas concepções sobre o vínculo entre ciência, política e ética profissional, mas procurava valorizar a autonomia epistemológica do estudo do espaço pelo refinamento dos métodos utilizados pela geografia tradicional. Vê-se isso, por exemplo, em suas críticas ao conceito lablacheano de região e em suas reflexões sobre as escalas geográficas de análise[3]. Em suma, a visão desse autor era que, se não poderia haver uma geografia marxista propriamente dita, haveria uma complementaridade entre teorias marxistas e pesquisas geográficas, já que o espaço constituiria o “domínio estratégico por excelência”, influindo decisivamente nas lutas políticas[4].
 

Paul Vidal de La Blache (1845-1918 d.C.)

Paul Vidal de La Blache (Pézenas, Hérault, 22 de janeiro de 1845Tamaris-sur-Mer, Provence-Alpes-Côte d'Azur, 5 de abril de 1918) foi um geógrafo francês. Ele é considerado o fundador da moderna Geografia Francesa e da Escola Francesa de Geopolítica.

Biografia

Paul Vidal de la Blache era filho de um professor que se transformou em inspetor acadêmico[1]. Paul foi mandado para a escola interna na Instituição Favard do Lycée Charlemagne, em Paris. Posteriormente, frequentou a École Normale Supérieure, que terminou em 1863 e recebeu o certificado de formação em história e geografia em 1866. Foi indicado para a Ecole Francaise d’Athens, com oportunidade de trabalhar na Itália, Palestina e Egito (esteve presente na inauguração do Canal de Suez). Estudou arqueologia grega por três anos.
Ao retornar à França, em 1870 casou com Laure Marie Elizabeth Mondot, com quem teve 5 filhos. Teve várias colocações como professor, entre elas o Lycee d'Angers e a Ecole Preparatoire de l'Enseignment Superieur des Lettres et des Sciences. La Blache recebeu seu doutorado na Sorbonne em 1872 com a dissertação em história antiga, posteriormente publicada como Hérode Atticus: Étude critique sur sa vie. Começou a trabalhar na Nancy Université. Vidal de la Blache voltou à École Normale Supérieure em 1877, como Professor de Geografia e ali permaneceu por 21 anos. Transferiu-se para a Universidade de Paris, onde continuou ensinando até a aposentadoria, em 1909, aos 64 anos.

Escola Francesa de Geografia

Vidal de la Blache é o fundador da École française de géographie (em português: "Escola Francesa de Geografia") e também fundou, juntamente com Lucien Gallois, a "Annales de Géographie" (1893), da qual la Blache foi editor até sua morte. "Annales de Géographie" se tornaram um influente periódico acadêmico, promovendo o conceito de geografia humana como o estudo do homem e sua relação com o meio ambiente[2].
Foi influenciado pelas idéias da Geografia Alemã, principalmente por Friedrich Ratzel. Vidal de la Blache produziu um grande número de publicações, tendo escrito 21 livros. Para La Blache, um Estado deve planejar a apropriação de espaço geográfico considerando e conhecendo todas as características naturais e humanas de seu território. Defendia que o homem pode interferir, modificar a natureza e vencer os obstáculos impostos pelas condições naturais em determinadas regiões como, por exemplo, uma cordilheira de montanhas, um deserto, um solo pobre, etc. Suas idéias dizem que qualquer Estado soberano possui possibilidades para alcançar um nível de desenvolvimento econômico, social, tecnológico e político a ponto de melhorar satisfatoriamente a vida do seu povo ou da sua nação. Portanto, cabe ao Estado impor seu poder sobre o território.
Ao escrever sobre esses assuntos, La Blache e outros geógrafos franceses criticaram Ratzel por supostamente trabalhar com o determinismo ambiental, isto é, com a tese de que a natureza determinava as condições sociais, econômicas e tecnológicas de um povo. Por afirmar que as relações homem-natureza são historicamente contingentes, e não determinadas de forma causal, e por sustentar que a natureza oferece aos grupos humanos apenas um conjunto de possibilidades de transformação das paisagens, La Blache é considerado o fundador da escola possibilista de geografia [3].
 

Friedrich Rartzel (1844-1904 d.C.)

Friedrich Ratzel (Karlsruhe, 30 de Agosto de 1844Ammerland, 9 de Agosto de 1904) foi um geógrafo e etnólogo alemão, notável por ter criado o termo Lebensraum (espaço vital).

Determinismo ambiental

O Historiador francês Lucien Febvre considerou Ratzel como determinista geográfico; porém, suas críticas desqualificaram o geógrafo alemão quase sem contribuir construtivamente para a ciência geográfica.[1] De fato, Ratzel deixou bem claro no início do seu livro Antropogeografia que ele é contra o determinismo simplista.[2][3] Já na Antiguidade procurava-se explicar as diferenças entre os povos com base em raciocínios deterministas acerca das influências naturais sobre a fisiologia humana, sobre o “caráter” de cada povo ou ainda sobre as formas de organização política. A ideia popular de que certos grupos nacionais ou regionais seriam preguiçosos devido aos efeitos do clima quente sobre a disposição física das pessoas exemplifica esse tipo de raciocínio, pois expressa uma relação direta de causa e efeito entre clima e comportamento. Em Ratzel, porém, a adaptação do homem ao ambiente é entendida sob a ótica da utilização de recursos naturais para a reprodução dos elementos materiais da cultura, o que muda completamente o sentido da interpretação. Esse autor entendia que o ambiente interfere no desenvolvimento de uma sociedade na medida em que pode oferecer melhor ou pior acesso aos recursos, atuando assim como estímulo ou obstáculo ao progresso. As leis que governam a história humana são, assim, produtos de um processo dinâmico e permanente de adaptação ao ambiente, e não um resultado direto da ação de fatores naturais, como o clima ou o relevo, sobre os homens[4].

Com respeito à obra Geografia Política, muito "mais do que uma crítica "possibilista" ao "determinismo" de Ratzel, nos termos simplistas de Lucien Febvre, trata-se de uma perspectiva epistemológica ampla, que defende a não fragmentação da Geografia, nem em termos de valorização de ramos específicos (seja a geografia física, seja a geografia política), nem em termos de ênfase a uma escala prioritária (como a do Estado)."[5]. Esse e outros estudos de Ratzel sobre o tema das relações entre espaço e poder deram origem à geografia política como ramo de estudos da geografia e também da ciência política.

Conceito

Para "Ratzel, promover a história significa, em primeiro lugar, acelerar a luta pela vida, a seleção natural, entre as comunidades humanas (ou estados), no sentido darwiniano." 

Karl Ritter (1779-1859 d.C.)

Sem informações....

Alexander Von Hulboldt (1769-1859 d.C.)

Friedrich Wilhelm Heinrich Alexander von Humboldt, o barão de Humboldt (Berlim, 14 de setembro de 1769 — Berlim, 6 de maio de 1859), mais conhecido como Alexander von Humboldt, foi um geógrafo, naturalista e explorador alemão [1]. Foi o irmão mais jovem do ministro e lingüista prussiano Wilhelm von Humboldt.

Biografia

Alexander von Humboldt foi um cientista de uma polivalência que poucas vezes se observou e, haja vista como a ciência se desenvolveu e especializou, certamente não mais será vista. Ele desenvolveu (e se especializou em) diversas áreas: foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, mineralogista, botânico, vulcanólogo e humanista, tendo lançado as bases de ciências como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia. Apesar de ter pesquisado diversas coisas em seus mínimos detalhes, sempre o fez com uma visão geral e imparcial.
Com quatorze anos de idade, fixou-se em Berlim para continuar seus estudos e, mais tarde, frequentou as universidades de Frankfurt (Oder) e Göttingen, onde cursou Filosofia, História e Ciências Naturais.
Em 1789, com apenas vinte anos de idade, fez sua primeira viagem de caráter científico, passando pelos Países Baixos, Alemanha e Inglaterra, e principalmente ao longo das margens do rio Reno, seguindo Georg Forster, um naturalista que acompanhou o Capitão Cook em sua viagem ao redor do mundo. O resultado de toda essa exploração científica foi uma obra intitulada Observações Sobre os Basaltos do Reno.
Sua viagem exploratória pela América Central e América do Sul (1799-1804) e pela Ásia Central (1829) tornaram-no mundialmente conhecido ainda antes da sua morte. Sua principal obra é o Kosmos, uma condensação do conhecimento científico de sua época. Sua obra Ansichten der Natur também foi bastante popular.
Sua correspondência científica com colegas cientistas compõe-se de 35 mil cartas, das quais aproximadamente 12 500 estão arquivadas.
Além das ciências naturais, foi também um influente mecenas da Literatura. Humboldt apoiou os poetas e escritores Heinrich Heine, Ludwig Tieck e Klaus Groth. Entre seus amigos e conhecidos estavam Matthias Claudius, Carl Friedrich Gauss, Jacob e Wilhelm Grimm, August Wilhelm Schlegel, assim como Johann Wolfgang von Goethe e Friedrich Schiller.

Introdução

Breve descrição das viagens de Humboldt

Entre 1799 e 1804, von Humboldt viajou pela América do Sul, explorando-a e descrevendo-a pela primeira vez de um ponto de vista científico. Nos cinco volumes da sua obra Kosmos, ele tentou elaborar uma descrição física do mundo. Humboldt apoiou (e colaborou com) outros cientistas, entre os quais Justus von Liebig e Louis Agassiz.

Espécies e lugares denominados em homenagem a Humboldt

Como resultado de suas explorações, von Humboldt descreveu diversos aspectos geográficos e espécies que eram até então desconhecidos dos europeus. Espécies denominadas em sua homenagem incluem:
Aspectos e acidentes geográficos denominados em sua homenagem incluem a corrente de Humboldt, o rio Humboldt, a cadeia de montanhas East and West Humboldt Range, os condados estado-unidenses de Humboldt County, na Califórnia, e Humboldt County, no Iowa e o parque Humboldt no lado oeste de Chicago. Além disso, o mar lunar Mare Humboldtianum foi assim denominado em sua homenagem, bem como o asteroide 54 Alexandra.

A Fundação Alexander von Humboldt

Após sua morte, seus amigos e colegas criaram a Fundação Alexander von Humboldt (Stiftung em alemão) para manter o generoso apoio de Humboldt a jovens cientistas. Apesar de a dotação inicial ter se perdido durante a hiperinflação alemã dos anos vinte, e novamente após a Segunda Guerra Mundial, a fundação tem recebido apoio do governo alemão e tem um papel importante na atração de pesquisadores estrangeiros à Alemanha, possibilitando também a pesquisadores alemães trabalharem no estrangeiro por um determinado período.

Vida e Viagens de Hulboldt

Juventude e educação

Último retrato de Alexander von Humboldt, de Julius Schrader (1859). Ao fundo o Chimborazo.
Com nove anos de idade, após a morte de seu pai, Alexander e seu irmão Wilhelm, dois anos mais velho, são criados pela mãe, Maria Elizabeth von Colomb, no castelo de Tegel, nos arredores de Berlim.
O segundo tutor dos Humboldt, Gottlob Christian Kunth, tem um papel importante na vida de Alexander. Ele transmite aos irmãos Humboldt sólidas bases de História, Matemática e línguas. Alexander demonstra grande interesse pela História natural.
Enquanto Wilhelm demonstra uma robusta constituição, grande facilidade de aprendizagem e se orienta à alta função pública, Alexander aprende com dificuldade, orientando-se para uma formação em Economia, que ele estuda durante seis meses na universidade de Frankfurt (Oder). Um ano mais tarde, em 25 de abril de 1789, ele se matricula na Universidade de Göttingen.
Em Göttingen tem aulas de física e química com G. C. Lichtenberg, C. G. Heyne e J. C. Blumenbach. Durante suas férias de 1789 ele deu uma demonstração de suas proezas posteriores em uma excursão científica que subiu o Reno, que originou o estudo Mineralogische Beobachtungen über einige Basalte am Rhein (Brunswick, 1790) (Observações mineralógicas sobre alguns Basaltos do Reno).
Alexander von Humboldt estudou ainda o Comércio e línguas estrangeiras em Hamburgo, Geologia em Freiberga com A. G. Werner, Anatomia em Jena com J. C. Loder, Astronomia e o uso de instrumentos científicos com F. X. von Zach e J. G. Köhler. Suas pesquisas sobre a vegetação das minas de de Freiberg levaram à publicação, em 1793, do seu Florae Fribergensis Specimen; e os resultados de uma prolongada série de experiências sobre o fenômeno da irritabilidade muscular, então recém descoberta por Galvani, foram condensados no seu Versuche über die gereizte Muskel- und Nervenfaser (Berlin, 1797), enriquecido de uma tradução francesa com notas de Blumenbach.

Viagens e trabalhos na Europa

Em 1794, ele foi admitido na intimidade da famosa sociedade de Weimar, e desde junho de 1795 contribuiu ao novo periódico de Schiller, Die Horen, uma alegoria filosófica intitulada Die Lebenskraft, oder der rhodische Genius. No verão de 1790 fez uma visita rápida à Inglaterra em companhia de Forster. Em 1792 e 1797 esteve em Viena; em 1795 realizou uma viagem de caráter geológico e botânico na Suíça e na Itália. Durante este tempo, obteve um posto público como assessor de Minas em Berlim, em 29 de fevereiro de 1792.
Diante da ignorância dos mineradores, que não sabem distinguir um mineral de uma rocha sem valor, Humboldt abre uma escola de formação de mineradores, que ele financia com seu próprio dinheiro. Ele recusará o dinheiro que o Ministro von Heinitz lhe enviará para rembolsar suas despesas. Humboldt realiza também pesquisas para melhorar a segurança das minas.
Apesar de o serviço público ser por ele considerado como um aprendizado ao serviço da ciência, ele cumpriu suas tarefas com tanta habilidade e zelo que não somente foi promovido a postos superiores no seu departamento, como também recebeu diversas missões diplomáticas importantes.
Em 1795, von Heinitz propõe a Humboldt o cobiçado posto de Diretor de Minas da Silésia, no sudeste da Prússia. Humboldt recusa e abandona o serviço público.
A morte de sua mãe, em 19 de novembro de 1796, deixa-o livre para seguir seu destino, no que aguarda uma oportunidade de pôr em prática seus planos de viagem.

A expedição pela América Latina

Chiranthodendron pentadactylon, ilustração criada por Alexander von Humboldt.
O almirante Louis Antoine de Bougainville, célebre navegador e explorador, propõe a Humboldt participar de uma expedição pela América do Sul, México, Califórnia, através do Pacífico, e depois ao pólo Sul. Bougainville será substituído por Baudin. Uma guerra com a Áustria leva o Diretório a anular a expedição.
O botanista Aimé Bonpland deveria, como Humboldt, participar da expedição de Baudin. Eles se tornam amigos e decidem se juntar à expedição científica que segue as tropas de Napoleão no Egito. O barco que deveriam tomar jamais aportou em Marselha, aonde eles tinham ido para esperá-lo. Decidem, então, ir para a Espanha para embarcar em um navio para Esmirna. Durante as seis semanas de viagem, Humboldt realiza meticulosas medidas geográficas.
Humboldt é apresentado ao rei e à rainha da Espanha, obtendo um passaporte com o selo real, que garante aos viajantes a assistência das autoridades que eles encontrarem. Bonpland torna-se oficialmente secretário de Humboldt. Os dois são os primeiros a efetuar uma exploração científica digna deste nome. A ambição de Humboldt durante essa viagem às Américas é descobrir a interação das forças da Natureza e as influências que o ambiente geográfico exerce sobre a vida vegetal e animal. Com essas poderosas recomendações, eles embarcam no Pizarro na Corunha em 5 de junho de 1799.
Durante a navegação, Humboldt efetua medidas astronômicas, meteorológicas, de magnetismo, de temperatura e de composição química do mar.
Fazem uma escala de seis dias em Tenerife para a ascensão do pico do Teide e aterram em Cumaná (Venezuela) em 16 de julho. Lá, na noite de 11-12 de novembro, Humboldt observa uma extraordinária chuva de meteoros (as Leônidas), que constitui o ponto inicial da nossa percepção da periodicidade do fenômeno; depois disso, ele segue com Bonpland para Caracas. Na América, sente uma revolta pela maneira com que se vendem e se avaliam os escravos, mesmo se é nas possessões espanholas onde eles são mais bem tratados.
Em fevereiro de 1800 ele deixa a costa com o intuito de explorar o curso do rio Orinoco. Essa viagem, que durou quatro meses e cobriu mais de 2750 km de uma terra inabitada, selvagem e inóspita, teve como resultado a descoberta da existência de uma comunicação entre os sistemas hidrográficos do Orinoco e do rio Amazonas, (o canal Casiquiare, que liga o Orinoco ao Amazonas), e a determinação exata do ponto de bifurcação. Humboldt e Bonpland não são os primeiros europeus a tomar essa rota, mas o rigor dos seus dados e das descrições que realizaram fez com que não existissem mais dúvidas sobre a existência de uma passagem navegável entre os dois rios.
Recolhem diversos espécimens de animais e plantas desconhecidos, e Humboldt anota meticulosamente a temperatura do rio, do solo e do ar, assim como a pressão atmosférica, a inclinação magnética, a longitude e a latitude. Em Calabozo, algumas enguias elétricas foram capturadas por Alexander von Humboldt (com Aimé Bonpland) por volta de 19 de março de 1800. Os pesquisadores receberam choques elétricos violentos durante suas experiências.
Em 24 de novembro os dois amigos partem para Cuba, e depois de uma estadia de alguns meses retornam para Cartagena.
Humboldt descobre que Baudin deixou a França e deve chegar em Lima, no Peru. Para evitar a ausência dos alíseos, Humboldt e Bonpland decidem continuar por via terrestre ao longo dos Andes, passando doze meses em altitude através dos vulcões. Eles têm os pés em sangue, mas recusam fazer como a aristocracia local: serem transportados em cadeiras fixas nas costas de índios.
Subindo o curso do Magdalena, e atravessando os picos gelados dos Andes, chegam em Quito depois de um dia difícil em 6 de janeiro de 1802. Durante essa estada, escalaram o Pichincha e o Chimborazo, e terminaram em uma expedição às fontes do Amazonas a caminho de Lima, onde chegam em 22 de outubro de 1802.
Humboldt ganha um renome mundial ao escalar o Chimborazo, pico considerado na época como o mais alto do mundo.
Em Callao, Humboldt observa o trânsito de Mercúrio em 9 de novembro, e estuda as propriedades fertilizantes do guano, cuja introdução na Europa muito se deveu às suas obras. Uma viagem tumultuada, sob uma tempestade, levou-os para o México, onde residiram durante um ano.
Humboldt e seus companheiros passaram o ano de 1803 a percorrer o México. Humboldt escreverá seu Ensaio político sobre o reino da Nova Espanha, o primeiro ensaio geográfico regional, no qual ele relata sumariamente suas viagens. No México, estuda o calendário azteca.
Ele embarca em seguida para a Havana, a fim de recuperar suas coleções lá depositadas havia mais de três anos.

Passagem pelos Estados Unidos

Estimando seu dever saudar o presidente Thomas Jefferson, Humboldt prolonga sua viagem e vai para a Filadélfia, até pouco capital do país, onde é acolhido pela Sociedade americana de Filosofia, criada sobre o modelo da Royal Society de Londres. Humboldt passa a maior parte do seu tempo com os membros da sociedade. Bonpland e Montufar, não falando o inglês, têm um papel de figurantes. Humboldt encontra Jefferson, com quem discute sobre história natural, costumes diferentes de acordo com o país e as maneiras de melhorar o nível de vida. Os dois homens se entendem tão bem que Jefferson convida Humboldt a passar sua estadia na Filadélfia na casa dele.
Eles zarparam para a Europa na embocadura do Delaware, chegando em Bordeaux em 3 de agosto de 1804.

Resultados da expedição latino-americana

A expedição de Humboldt e Bonpland, com uma duração de cinco anos, custou a Humboldt o terço de suas economias. Foi uma das mais notáveis expedições científicas de todos os tempos, com uma massa de dados de um valor científico inestimável, ainda mais valiosa que os espécimens que eles puderam recolher.
Humboldt e Bonpland percorreram, durante sua expedição através das Américas, um total de 9650 km, tanto a pé, como a cavalo ou em canoas. A expedição atravessou as terras dos atuais Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Cuba e México (foi impedido de permanecer no Brasil, pois os portugueses consideraram-no um possível espião alemão, após encontrarem-no em terras brasileiras perto da fronteira venezuelana). A característica que torna essa expedição absolutamente excepcional é que ela foi levada a cabo sem nenhum interesse comercial; sua única motivação foi o desejo de conhecimento e a curiosidade.
Durante sua expedição pelas Américas de 1799 a 1804, ele precisou latitudes e longitudes, melhorou mapas, identificou 60000 plantas, das quais 6300 até então desconhecidas, desenvolveu a geografia das plantas e descreveu a corrente que levou mais tarde seu nome (corrente de Humboldt).
Graças à sua excepcional expedição, Humboldt pode ser considerado como tendo lançado as bases das ciências físicas da geografia e da meteorologia. Pelo seu estudo (em 1817) das isotermas, ele sugeriu a ideia e entreviu os métodos de comparação das condições climáticas de vários países. Ele primeiramente investigou a taxa de decaimento da temperatura média com o aumento da altitude acima do nível do mar, e forneceu, pelas suas questões e pesquisas sobre a origem das tempestades tropicais, a primeira pista para a detecção da lei, mais complicada, governando as perturbações atmosféricas em altas latitudes. Seu ensaio sobre a geografia das plantas foi baseado na (então) recente ideia de estudar como as condições físicas variadas alteram a distribuição da vida[2]. Sua descoberta da diminuição da intensidade do campo magnético terrestre dos pólos ao equador foi comunicada ao Instituto de Paris em uma dissertação por ele lida em 7 de dezembro de 1804, e sua importância foi atestada pelo rápido surgimento de reivindicações rivais. Seus serviços à Geologia basearam-se principalmente no seu atento estudo dos vulcões do Novo Mundo. Ele mostrou que eles se classificavam naturalmente em grupos lineares, presumidamente correspondendo a vastas fissuras subterrâneas; e, pela sua demonstração da origem ígnea de rochas cuja origem era anteriormente considerada aquosa, ele contribuiu imensamente para a eliminação dessas hipóteses errôneas.
A condensação e a publicação da massa enciclopédica de materiais - científicos, políticos e arqueológicos - coletados por ele durante sua ausência da Europa eram a sua preocupação mais urgente. Antes de se atacar a essa tarefa gigantesca, no entanto, fez uma rápida visita à Itália com Gay-Lussac com o intuito de investigar a lei da declinação magnética, e uma estadia de dois anos e meio na sua cidade natal.

Aclamação de Humboldt

Schiller, Wilhelm, Alexander von Humboldt e Goethe em Jena.
Com exceção de Napoleão Bonaparte, Humboldt era então o homem mais famoso da Europa. Aplausos acolhiam-no em todos os lugares aonde ia. Academias, nacionais e estrangeiras, estavam ansiosas para tê-lo entre seus membros.
Em janeiro de 1808, Humboldt é enviado a Paris pelo rei da Prússia, acompanhado pelo príncipe Wilhelm, para tentar negociar uma diminuição o valor das indenizações de guerra. Desde que a França invadiu a Prússia, Humboldt não recebe mais as rendas de seus domínios. Ele vive em Paris em um quarto mobiliado, que divide com Gay-Lussac, não dormindo mais do que três ou quatro horas por dia. Em Paris, ele tem a firme intenção de assegurar a cooperação científica necessária para publicar seu grande trabalho. Essa tarefa colossal, que ele inicialmente estimou em dois anos, acabou durando 22 anos, e ainda assim ficou incompleta.
Ele é espionado pela polícia francesa, pois é alemão e sua correspondência privada reflete as opiniões políticas dos salões parisienses. Humboldt escreve entre mil a duas mil cartas por ano. Acaba passando dezoito anos em Paris, durante os quais publica seu Voyage interminable sur l'Amérique du Sud (Viagem interminável pela América do Sul).
Em 1826 recebe uma carta do rei da Prússia ordenando-o de deixar Paris. Ele pode somente passar 4 meses de férias por ano na cidade-luz. Em Berlim, Humboldt é aparentemente detestado por suas ideias liberais.
Em 1828 obtém bastante sucesso ao dar cursos na universidade e, mais tarde, conferências diante de um público mais vasto[3]. Em Berlim, a comunidade científica não costumava realizar reuniões científicas, como era o caso de Paris, para a confrontação e discussão de ideias. Humboldt organiza uma reunião da Associação Científica em Berlim à qual participam 600 dos mais renomados cientistas.

Explorações na Rússia

Em 1827, o ministro russo das finanças pede a Humboldt sua opinião sobre a emissão de moedas de platina. Como o preço da platina era instável, Humboldt se mostra desfavorável à ideia e sugere ir estudar as minas dos Urais. Em março de 1829, ano dos seus 60 anos, Humboldt viaja para a Rússia, com as despesas pagas pelo imperador, com Gustave Rose, professor de química e de mineralogia, C.G Ehrenberg, naturalista e zoólogo, e um empregado doméstico. Na Rússia, ele é acolhido como uma importante personalidade oficial. Ele tem suas refeições com a família do czar. Ao deixar Moscou, juntam-se à expedição responsáveis da indústria mineira e burocratas das autoridades locais.
Humboldt passa um mês estudando as minas dos Urais. Graças à presença de filões de platina e de areias auríferas, ele prediz a existência de diamantes nos Urais. Humboldt e Rose investigam cada jazida de ouro que encontram no microscópio. Foi o conde Polier, proprietário de tais jazidas, e a quem Humboldt explicou sua teoria, que encontrou o primeiro diamante dos Urais.
A expedição atravessa a Sibéria até o Altai. Como de hábito, Humboldt realiza medições barométricas. Humboldt e seus companheiros retornam após seis meses de expedição e após terem percorrido aproximadamente 17000 km. Humboldt estudou e simulou a colocação de uma rede de estações magnéticas e meteorológicas fazendo observações regulares e funcionando com aparelhos idênticos. Ele deixa aos cuidados de Rose e Ehrenberg a publicação dos resultados da expedição. Será somente anos mais tarde que será publicado seu Ásia Central (em três volumes).

Humboldt como diplomata

Entre 1830 e 1848, Humboldt foi frequentemente empregado em missões diplomáticas à corte de Luís Filipe I, com quem mantinha relações pessoais cordiais. A morte de seu irmão, Wilhelm von Humboldt, que morreu nos seus braços em 8 de abril de 1836, entristeceu os últimos anos de sua vida. Ao perder o irmão, Alexander lamentou ter "perdido uma metade de si mesmo." A ascensão ao trono do príncipe Frederico Guilherme IV, após a morte de seu pai em junho de 1840, aumentou o seu favoritismo na corte. O novo rei solicitava-o frequentemente como conselheiro da corte. Humboldt utiliza sua função de conselheiro privado do rei para militar pela emancipação dos judeus e pela abolição do servilismo na Prússia, enquanto que o rei o utiliza como enciclopédia ambulante. A popularidade de Humboldt permanece grande, apesar das inimizades que ele adquire junto aos reacionários próximos do rei. Em 1857, a loucura que afeta o rei permite a Humboldt ter mais tempo para seus trabalhos.
Em 1852, Humboldt recebe a medalha Copley da Royal Society de Londres.

O "Kosmos"

Não é frequente que um homem adie aos seus 76 anos, e então execute com sucesso, a coroação da obra da sua vida. No entanto, foi este o caso de Humboldt. Os primeiros dois volumes do Kosmos foram publicados, e basicamente elaborados, entre os anos 1845 e 1847.
A ideia de um trabalho que deveria comunicar não somente uma descrição gráfica, mas principalmente uma concepção engenhosa do mundo físico que pudesse ser generalizada por detalhes e ressaltar detalhes através da generalização preenchia seu espírito havia mais de meio século. Tomou uma forma definida pela primeira vez em uma série de conferências por ele proferidas na universidade de Berlim, no inverno de 1827-1828. Essas conferências constituíram, como nota seu último biógrafo, "o esboço para o grande afresco do Kosmos". O objetivo desta obra notável pode ser brevemente descrito como sendo a representação da unidade no meio da complexidade da Natureza. Nessa obra, os grandes e vagos ideais do século XVIII são recuperados e combinados com as necessidades científicas do século XIX. Apesar de inevitáveis imperfeições, a tentativa foi eminentemente bem-sucedida. Um estilo um pouco pesado e um tratamento às vezes pitoresco demais tornam a obra mais imponente que atraente ao leitor casual. Mas seu valor supremo consiste no fato de representar fielmente o reflexo da mente de um grande homem. Não existe maior elogio que possa ser feito a Alexander von Humboldt do que dizer que, ao tentar, e não em vão, representar o universo, ele conseguiu de maneira ainda mais perfeita representar a sua própria inteligência compreensiva.
A última década de sua longa vida - seus anos "improváveis", como ele custamava chamá-los - foi dedicada à continuação da sua obra, cujos terceiro e quarto volumes foram publicados em 1850-1858, e um fragmento de um quinto postumamente em 1862. Nestes volumes, ele procurou detalhar de acordo com os ramos das ciências o que expusera de maneira geral no primeiro volume. Não obstante seu alto valor individual, é preciso admitir que, de um ponto de vista artístico, essas adições foram deformações. A ideia característica da obra, na medida em que uma ideia tão gigantesca pudesse ser transposta em forma literária, havia sido completamente desenvolvida nas suas partes iniciais, e a tentativa de transformá-la em uma enciclopédia científica foi na verdade uma negação da sua motivação inicial.
O trabalho e a precisão de Humboldt nunca foram mais visíveis do que durante a concepção deste último troféu à sua genialidade. Tampouco apoiou-se somente em seus próprios trabalhos; deveu grande parte do que conseguiu à sua rara capacidade de assimilar ideias e aproveitar a cooperação de terceiros. Humboldt estava tão pronto a receber reconhecimento quanto a dá-lo. As notas do Kosmos são repletas de citações loquazes onde ele, de certa maneira, reconhece suas "dívidas" intelectuais.

Doença e morte

Alexander von Humboldt em 1857
Em 24 de fevereiro de 1857 Humboldt teve uma crise de apoplexia leve, que não deixou traços perceptíveis. Foi somente durante o inverno de 1858-1859 que suas forças começaram a diminuir, e, em 6 de maio, ele morreu tranqüilamente, seis meses antes de completar seus noventa anos.
As honras que lhe foram reservadas durante sua vida seguiram-no após sua morte. Seus restos mortais, antes de serem enterrados no mausoléu familiar de Tegel, foram transportados em funerais nacionais pelas ruas de Berlim, e recebidos pelo príncipe regente, a cabeça descoberta, na porta da catedral. O primeiro centenário de seu nascimento foi celebrado em 14 de setembro de 1869, com igual entusiasmo no Novo e Velho Mundo, e os numerosos monumentos erigidos e as novas regiões descobertas denominadas em sua honra testemunham a difusão universal de sua fama e popularidade.
 
 Contribuições de Hulboldt à ciência

Os textos sul-americanos de Humboldt compreendem trinta volumes publicados em trinta anos. Compõem-se de livros científicos, atlas, tratados de geografia e economia sobre Cuba e o México, uma narrativa de suas viagens e um Examen critique de l'histoire de la géographie du Nouveau Continent (Exame crítico da história e da geografia do novo continente). Humboldt escreveu seus textos científicos em colaboração com outros cientistas. Dedicou o volume consagrado à geologia a seu amigo Goethe. Em seu Kosmos, cujo objetivo era de comunicar a excitação intelectual e a necessidade prática da pesquisa científica, ele descreve em cinco volumes todos os conhecimentos da época sobre os fenômenos terrestres e celestes.
Atribui-se a Humboldt a invenção de novas expressões como isodinâmicas, isotermas, isóclinas, jurássico e tempestade magnética. Ele lançou as bases da geografia física e da geofísica, notadamente da sismologia. Ele demonstra que não pode haver conhecimento sem experimentação verificável.