terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A PREVISÃO DO TEMPO COM O AUXÍLIO DOS DITOS POPULARES

A PREVISÃO DO TEMPO COM O AUXÍLIO DOS DITOS POPULARES
Para tornar a tarefa instigante para os alunos, pode-se solicitar que realizem uma pesquisa juntos aos familiares e amigos, os questionando sobre o conhecimento de algum ditado popular relativo à previsão do tempo e do clima, e sua utilidade para as pessoas. Pode-se sugerir que exponham em sala de aula, reunindo todos os ditos populares em um quadro (lousa, cartaz ou flipchart). Acompanhando os ditos populares trazidos pelos alunos é possível inserir alguns ditos conhecidos pelo professor, como os relatados por Sartori (2000, p. 234-235) e seu respectivo país de origem. Dentre eles destacam-se:
- "Asas abertas no galinheiro, sinal de aguaceiro." (Índia);
- "Andorinhas a mil braças, céu azul sem jaça; andorinha rente ao chão, muita chuva com trovão." (China; Japão; Coreia; Rússia; Turquia; França e Suíça);
- "Formiga carregando ovos barranco acima, é chuva que se aproxima." (Índia e Japão);
- "Mosquitos voando em bando é sinal de chuva." (China)
- "Sapo cantando ao anoitecer, bom tempo vai fazer." (Espanha)
- "Cabras tossindo e espirrando, o tempo está mudando." (Espanha e Brasil)
- "Gato se lambendo é sinal de chuva." (Reino Unido, Holanda e Bélgica)
- "Céu avermelhado de manhã, chuva de tarde; tarde avermelhada, tempo bom." (China)
- "Quando o Sol está em casa, a chuva não tarda." (Índios Zuni, do Novo México, EUA)
- "Um círculo grande em volta da Lua é sinal de chuva iminente; um círculo pequeno é sinal de que a chuva ainda demora." (Índia)
Partindo dos provérbios populares relatados pelos alunos e por Sartori, é possível fazer entender o sentido de cada um e fazer uma comparação com o dia a dia dos alunos, chamando a atenção para a observação da natureza, ou seja, do comportamento dos animais e plantas, tomando como referência principal a reflexão e descrição das nuvens, percebendo assim a provável mudança de tempo.
Essas discussões em sala de aula são o "pontapé inicial" para trabalhar com os seguintes ditos populares:
1 "Névoa na baixa, sol que racha, névoa na serra, chuva que berra."
2 "Céu pedrento é sinal de chuva e vento."

Estes dois ditos populares nortearão a atividade que buscará responder à seguinte questão: Será que vai chover hoje?

NUVENS VERSUS DITOS POPULARES
Em primeiro lugar, é preciso iniciar a observação e a descrição das nuvens, principalmente para os dez tipos descriminados, utilizando a paisagem como categoria para o ensino-aprendizagem da previsão atmosférica.
Kaercher discorre sobre a importância de utilizar a observação e a descrição dos fenômenos, mediante a categoria paisagem nas aulas de Geografia para [...] desenvolver e treinar mais a capacidade de observação e descrição, habilidades que foram erroneamente confundidas como sinônimo de "Geografia Tradicional", e, portanto, consideradas menores, e saber pensar os fenômenos para além do visível, do sensório e do imediato. Tarefas nada fáceis. Como fazer? Praticando com os alunos e estudando! É trabalho, não é dom!" (Kaercher, 2004, p. 233).
Conforme os anexins, "Névoa na baixa, sol que racha, névoa na serra, chuva que berra" e "Céu pedrento é sinal de chuva e vento", forem sendo explicados, os procedimentos didáticos podem ser alterados, mas convém destacar é a funcionalidade desses conhecimentos populares dentro da sala de aula atuando como uma ferramenta na assimilação dos conhecimentos climáticos.

1° DITO Névoa na baixa, sol que racha, névoa na serra, chuva que berra.
Iniciando a atividade com o dito popular "Névoa na baixa, sol que racha, névoa na serra chuva que berra", será necessário fazer uso de duas fotografias para facilitar a atividade, demonstrando a representação dos fenômenos localizados na "baixa" e na "serra", dando ênfase aos fatores relevo e altitude, elementos importantes na origem da insolação (sol que racha) e chuva (chuva que berra), de acordo com figura 3.

A fotografia localizada à esquerda (figura 3), demonstra a presença de uma névoa, em um cruzamento viário, pela manhã. Observando a fotografia, percebe-se que a névoa não prejudica a visão de elementos próximos, como a placa de sinalização; no entanto, quando se instiga a enxergar os detalhes ao fundo da fotografia, a névoa impede essa ação.
Quanto ao sentido "Névoa na baixa, sol que racha", explica-se pela formação da névoa, devido à perda de radiação terrestre para a atmosfera durante a noite, e devido à ausência de nebulosidade e vento que precede a névoa ou nevoeiro. Geralmente esse fenômeno ocorre no inverno e em locais planos e com baixa altitude.
Com a perda de radiação terrestre, o ar junto ao solo se resfria e condensa, em razão da diminuição do ponto de orvalho; ou seja, quanto menor a temperatura do ar, menor a capacidade de armazenar a água no estado gasoso. A névoa tem uma duração temporal pequena, desaparecendo rapidamente logo que o Sol aparece. O dia que é precedido por névoa ou nevoeiro é agraciado por uma insolação plena, devido ao "céu de brigadeiro". Os gregos antigos já utilizam essa observação para prever o tempo.
Quanto ao dito "Névoa na serra, chuva que berra", ao observar a fotografia à direita, nota-se que a névoa está em uma localidade montanhosa e de elevadas altitudes, indicando a possibilidade de chuvas intensas provenientes das nuvens Nimbostratus e Cumulonimbos (figura 1 e tabelas 1 e 2). Caso a chuva for moderada, ou apenas um chuvisco, essa precipitação está ligada à nuvem Stratus (figura 1 e tabelas 1 e 2).

Nenhum comentário:

Postar um comentário